sexta-feira, 11 de abril de 2008

Viver de teatro: o simples amor à arte


Quando não surge trabalho e falta dinheiro no fim do mês, parece que nada vai dar certo e toda a esperança e vontade de viver de arte vão por água abaixo. O mercado é ingrato e a grana nem sempre é suficiente. Os profissionais dessa área, trabalham muito e demoram a ver resultados. São anos de estudo, dedicação e persistência pelo simples amor à arte.

A atriz Tamara Martins, de 27 anos, faz teatro há 10 e até agora não conseguiu sair da casa dos pais. “Não é fácil ter me formado, trabalhar e ainda ser sustentada pela minha mãe. O que eu ganho não dá para pagar todas as minhas contas, mas não me imagino fazendo outra coisa. Graças à Deus, minha família me apóia”, afirma.

Por mais que haja obstáculos na vida artística, a conseqüência de tudo costuma valer a pena. A maioria dos atores que ingressam nesse tipo de trabalho, começam desde cedo a entender como funciona tudo o que envolve o meio artístico. Assim, aumentam as chances de ganhar dinheiro e ter estabilidade.

Jefferson Almeida, de 19 anos, aprendeu cedo que só atuar não ia dar certo. Ator profissional, aluno do curso de teoria do teatro na UniRio, ele escreve, produz e dirige vários espetáculos. Seu último trabalho foi a peça “Mar Morto”, no Teatro Ipanema, uma adaptação dele mesmo, da obra homônima de Jorge Amado. Além da adaptação, Jefferson assina a produção e a direção do espetáculo. “Amo tudo o que envolve arte. Eu me meto em todas as etapas. Se precisar faço o som , a luz, tudo. Só assim para sobreviver de teatro no Brasil.”

O exemplo de Jefferson é claro, uma pessoa que queira fazer da arte, profissão, precisa, além de correr atrás das oportunidades existentes, criar novas oportunidades. Com algumas exceções, para se viver de teatro é necessário ser artista e produtor. Criar, desenvolver e vender projetos que sustentem sua própria arte é um meio de conseguir viver de teatro.

Uma das grandes dificuldades dos atores que estão começando é entender que teatro é teatro e televisão é televisão. Muitos entram nessa área, achando que logo vão estar na próxima novela das oito. E isso só aumenta a frustração. O ator Philip Stola, de 22 anos, começou a fazer teatro aos 17, mas sonha mesmo em fazer televisão. “Sempre faço testes. Estou esperando uma oportunidade de mostrar meu trabalho na TV e ganhar dinheiro”, diz.
Não se pode entrar na área teatral com tantas expectativas em relação à televisão. Esse talvez seja o maior erro da maioria. Achar que um curso de teatro vai ser passaporte para uma novela global. Pelo contrário, o trabalho em teatro requer além de tempo e perseverança, muito amor.

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